Você já se deparou com terminologias e siglas que uma vez ou sempre estão no meio da construção de produtos e puxando a sardinha para o lado de tecnologia, na criação de software? MVP, MVI, MLP, MMP, MVF, MMF (WTF? rs). Acredito que o mais importante, além do peso das definições e conceitos, seja o conhecimento e os momentos em que cada um destes termos fazem sentido nos projetos que estamos envolvidos.
O objetivo deste artigo é de não apenas apresentar os conceitos destes termos e seus respectivos artefatos, mas também de correlacionar isso com o dia a dia de escopo de projetos. De agora para frente, irei fazer uma analogia com um viés para produtos de software.
Bora? 🙂
Para começar, e de certa forma, justificar um pouco do uso destes termos em projetos, é importante falarmos de um conceito apresentado pelo grupo Gartner, a partir de 2014, que classifica os comportamentos e processos da área de TI, e que basicamente separa esta área em duas categorias: este conceito é a TI-Bimodal.
Essencialmente, este conceito classifica a área de TI em duas pirâmides inversamente proporcionais, onde nos extremos verticais, existem os Systems of Innovation – SoI (Sistemas de Inovação) e os Systems of Record – SoR (Sistemas de Registro).
Alguns artigos já defendem que esta classificação é um pouco arcaica na área de tecnologia, pois a tendência é que o tipo SoI tenha um melhor tracionamento e visão na área de TI e valor de negócio. Discutir sobre o modelo não é o cern deste artigo, mas saber que esta classificação já era vista é uma base interessante para embasar algumas coisas que veremos mais para frente.
Outra correlação bastante interessante é a dos três horizontes de crescimento, onde deixo como referência um artigo bem bacana sobre.
Esta forma definida para dividir o portfólio de crescimento da empresa Mckinsey, correlaciona a questão tempo x lucro e resumidamente mostra separação, não obrigatoriamente incremental, dos horizontes da empresa.
Analisando os níveis, podemos começar a correlacionar o impacto do investimento (positivo ou negativo) em horizontes que são mais “desafiadores”, porém que podem impactar de maneira significativa no Retorno de Investimento (RoI) em algum segmento de negócio ou até mesmo em uma empresa como um todo.
No artigo que cita os horizontes de crescimento, existe uma correlação legal entre os horizontes e ferramentas/frameworks que combinados, podem potencializar a experiência positiva de se pensar produtos inovadores, desafiadores, e que geralmente são mais disruptivos dentro de um determinado paradigma empresarial.
No artigo é apresentada uma proposta de combinação entre Design Thinking, Lean Startup e Agile sobrepondo Design Sprint, Lean Inception, Product Backlog Building (PBB) e Scrum.
Na imagem acima já começamos a nos deparar com algumas siglas que falamos no início deste artigo e, além disso, como ferramentas de gestão ágil e estratégias para acompanhamento do projeto em seus diferentes momentos é algo importante.
Então, a primeira coisa que me vem à cabeça é: quebrar uma grande ideia, inovadora e disruptiva em um paradigma de negócio me parece uma coisa legal para acompanhar a evolução do produto!
Aqui é possível ver um conceito muito conhecido na área de tecnologia, mas que se estende para outras áreas também: o famoso dividir para conquistar, haha!
MVP, MMP, MVI
Quando falamos sobre MVP, MMP, MVI e diversas outras siglas, a grande contribuição é poder particionar um projeto em fragmentos que geram valor para diferentes stakeholders envolvidos nos processos de construção de uma nova solução.
Isto está ligado com a filosofia de gestão Lean, focada na mitigação de desperdícios. Dentro das inceptions, a Lean Inception é uma estratégia interessante para construir um Minimum Viable Product (MVP), ou em português Mínimo Produto Viável (spoiler do segmento do artigo), considerando as features mais relevantes para o negócio.
Vale a pena lembrar também que um MVP, que já foi citado anteriormente, não é uma Proof of Concept POC. Resumindo a comparação apresentada neste artigo, POC geralmente é utilizado para alinhamento e identificação de oportunidades e limitações tecnológicas (interno) e MVP é um teste de mercado com as funções necessárias para validar a eficiência do produto e sua percepção.
Vamos para as definições
Para a construção das definições aqui apresentadas, irei me basear na leitura de um artigo que pontua algumas características sobre estas siglas e de um vídeo bem legal sobre o assunto também. As definições serão apresentadas de uma forma que representa uma cronologia entre cada um dos tipos de artefatos.
Minimum Viable Investment – MVI (Investimento Mínimo Viável)
Apresenta o investimento mínimo viável que os líderes de negócio estão dispostos a dedicar para desenvolvimento de capacidades necessárias para resultar em um Business Value Increment – BVI (Incremento de Valor de Negócio). O objetivo aqui é compreender quais são os investimentos necessários para construir algo que tem como fim retornar valor para o negócio. O MVI é suportado por outros recursos, como MVF, MMF e MVP, por exemplo.
Minimum Viable Feature – MVF (Funcionalidade Mínima Viável)
Aqui o objetivo é validar a nível funcional a hipótese. O importante de se priorizar aqui são as funcionalidades ou características de um conjunto de funcionalidades que agregam valor ao usuário final e ao produto no menor tempo possível. Uma dica interessante é focar naquilo que é essencial, daí o uso de User Stories, Story Point e outras técnicas podem auxiliar que essas características mais significativas possam emergir do oceano de funcionalidades (rs).
Minimium Markeatable Feature – MMF (Funcionalidade Mínima Vendável)
Com a identificação das MVF’s é possível definir uma estrutura de funções que são comercialmente entregáveis ou então validadas e/ou comprovadas após seu desenvolvimento. Se conhece também MMF como sendo uma versão menor de MVP (que será falado na sequência). Assim, um conjunto de MMF’s pode compor, por exemplo, um MVP.
Minimum Viable Product – MVP (Produto Mínimo Viável)
Tem como objetivo testar a hipótese de um produto. Aqui um grande diferencial é o tempo: alinhar o mínimo necessário e desenvolver no menor tempo possível ajuda a validar rápido e, no pior do casos, errar rápido. Isso é importante para que sirva como um termômetro de se houve um match entre o desejado e o realizado. Ah, e é interessante lembrar também que este resultado pode ser “descartável”, ou seja, não obrigatoriamente é um artefato do produto final.
Minimum Markeatable Product – MMP (Produto Mínimo Vendável)
Após os ciclos MVP que podem acontecer, chegamos em um MMP. Este é um artefato que pode ser vendido, inclui atividades de marketing para lançamento do produto e que como passar por validações feitas nas etapas anteriores (MVP) já atende demandas do usuário final em um entregável que é comercializável.
Minimum Loveable Product – MLP (Produto Mínimo Amável)
Aqui se trata da paixão pelo produto, da capacidade de cativar os usuários. Resumidamente, esta etapa identificar os usuários que podem, muito além de match com seu produto, auxiliar a tracionar, promover e criar uma percepção de engajamento com o produto desenvolvido. Não sei se ficou claro, mas pensem nas diferentes vertentes e como a integração entre elas pode fazer diferença aqui (UX, UI, promotores, divulgadores, Advocates, etc).
Conclusão
Bom pessoal, esses são alguns conceitos que podem ser bastante utilizados e que gostaria de compartilhar com vocês alguns pontos que são interessantes de conhecermos.
A correlação entre eles mostra um pouco da evolução iterativa e incremental de um produto, desde seu aceite de desenvolvimento, validação de etapas de negócio e de processos internos para se chegar em um produto com monitoramento e controle constante, eficiente e significativo.
O movimento para utilização deste modelo se mostra bastante interessante atualmente, porém é importante compreendermos cada demanda, como é o posicionamento do produto em relação ao horizonte da empresa e também no mercado. É legal notar que muito do que foi apresentado aqui tem aderência com alguns princípios ágeis, como a entrega de artefatos significativos, de maneira controlada, mas o mais rápido possível.
E sua empresa? Como se posiciona em relação a isso? No produto que você participa ou já participou estes termos eram comuns? É algo novo? Se for novo, consegue ver se faz sentido incorporar esses processos/artefatos em sua empresa? Compartilha com a gente nos comentários!