Management 3.0: Conheça o contexto e o time

Neste artigo você vai ver:

Com certeza você já ouviu falar sobre gestão 3.0, mas realmente sabe o que isso significa? Do que se alimentam e onde vivem as pessoas que praticam o Management 3.0? E por quê muitas vezes a cultura ágil não é adequadamente inserida na organização

Então, dá uma espiadinha em como o Management 3.0 pode ajudar você a aumentar o engajamento do time e consequentemente melhorar os resultados da organização.

O que é Gestão 3.0 e como surgiu?

A versão turbinada dos modelos de gestão não é uma metodologia ágil. Logicamente ela surgiu de alguém que respira agilidade, no entanto, ela vai além. É um modelo mental que busca por meio de práticas redefinir o conceito de liderança, dando autonomia para o grupo, motivando pessoas e buscando melhoria contínua (Kaizen).

Jurgen Appelo, o criador do Management 3.0, comenta em sua palestra no TED Talk que assim como os demais gestores, ele não tinha ideia de como trabalhar com pessoas, dirigindo os negócios como máquinas e não como sistemas vivos. 

Depois de falhar em algumas companias, ele chegou a conclusão que, os sistemas precisam ser gerenciados para a felicidade e que o produto ofertado precisa ter um significado. Portanto, organizações com propósitos. 

Para tanto, ele sugere sete meios que podem ajudar os gestores a melhorar a performance das empresas

  1. Construir para ter significado; 
  2. Inovar a gestão; 
  3. Acelerar o aprendizado, 
  4. Executar experimentos; 
  5. Abraçar a diversão; 
  6. Nutrir felicidade;
  7. Gerir o sistema (não as pessoas, sempre lembre-se disso).

Assista ao TED Talk completo, “Managing for Happiness” de Jurgen Appelo a seguir: 

Por que Management 3.0?

Jurgen classificou a gestão em três tipos:

Management 1.0

No Management 1.0 a principal característica é a hierarquia. A tomada de decisão é centralizada em poucas pessoas e os colaboradores são vistos como máquinas, que seguem ordens, não pensam por si só e que precisam ter apenas as necessidades fisiológicas atendidas. 

Apesar de possuir muitas falhas, ainda é o tipo mais adotado.

Management 2.0 

Depois de um tempo foi observado que os funcionários são os bens mais valiosos da organização e que precisam mais do que suas necessidades básicas atendidas para serem felizes e assim produzir mais e melhor. 

Então, por quê não acrescentar alguns itens para facilitar os problemas de um sistema antigo? Bora criar técnicas e práticas que continuem voltadas apenas para os gestores? 

Infelizmente foram criados modismos que não eliminaram a burocracia, o desperdício e a lentidão na tomada de decisão, tais como Six Sigma, Teoria das Restrições, Gestão da Qualidade Total etc.

E como dizem: o inferno está cheio de boas intenções. 

Management 3.0

Jurgen aplicou por anos os modelos anteriores, focando em números, controle, técnicas, etc. Com isso, esquecendo que as organizações são sistemas complexos e que gestão é sobre pessoas e suas relações, não sobre departamentos e faturamentos. 

Portanto, este modelo visa substituir a hierarquia (e tudo que está atrelado a ela) por networks

O que move a inovação?

Já é sabido que projetos de software são sistemas adaptativos complexos que dependem das pessoas se organizarem e se reorganizarem em estruturas para gerar inovações. Logicamente existem outros elementos envolvidos nesses sistemas, contudo, apenas as pessoas são capazes de interagirem e gerarem valor.

O pai do Management 3.0 contextualiza que a inovação é movida por cinco engrenagens

  1. Conhecimento; 
  2. Criatividade; 
  3. Motivação; 
  4. Diversidade; 
  5. Personalidade. 

Não vou explorar cada uma, para tanto, aconselho a leitura do livro Management 3.0. Mas gostaria de descrever um pouco sobre a importância da diversidade e da personalidade ao montar times fora da curva

A diversidade balanceada instiga inovação por meio da estabilização do sistema e resiliência. Portanto, precisamos evitar a armadilha imposta por nossos genes de buscar pessoas que possuam DNA similares aos nossos, dificultando assim a variedade de agentes dentro de uma equipe. 

Personalidades abordadas de forma correta também geram inovação. Jurgen traz uma visão muito interessante sobre os princípios dos frameworks ágeis e como todos os agilistas escolheram virtudes humanas como regras de conduta para suas metodologias. O que o fez se questionar se é certo selecionar um conjunto de qualidades, tornando muito simplista o entendimento sobre personalidades e motivações. As virtudes são extremamente relevantes, pois estão relacionadas com a construção da personalidade de cada indivíduo. Elas determinam o nosso comportamento e como isso impacta nas motivações das outras pessoas.

Você deve estar se perguntando: onde está a receita para que isso seja aplicado no dia a dia? Não existe poção mágica, mas acredito que o Martie possa nos ajudar a entender como podemos lidar com projetos de software e seus principais elementos: as pessoas. Veja a seguir.

Ingredientes para uma gestão mais eficaz: Conheça o Martie!

Apresento-lhes Martie, um “monstrinho” cujo cada olho representa uma visão organizacional. Jurgen em seu livro sobre Management 3.0 dedica cada capítulo para descrevê-las, iniciando por Energizar pessoas, seguindo com Empoderar times, Alinhar Restrições, Desenvolver competências, Crescer a estrutura e Melhorar tudo

Neste artigo comentarei brevemente sobre energizar pessoas focando em duas das engrenagens citadas anteriormente: diversidade e personalidade.

Ilustração do monstrinho Martie. Ele lembra uma árvore, com a parte superior em verde e as pernas em marrom. Seus seis olhos simbolizam as visões organizacionais: Energizar pessoas, Empoderar times, Alinhar Restrições, Desenvolver competências, Crescer a estrutura e Melhorar tudo. Ele tem duas pernas, uma sendo “Gestão e Liderança” e a outra “Pensamento Complexo”.

Há um ano a FAE Business School apresentou dados sobre diversidade que indicam que no Brasil dobrou a busca por esse tema em relação a 2012, em torno de 24%. Isso demonstra que, em tese, as organizações estão cada vez mais preocupadas em diversificar seus times, o que impacta no financeiro, na instituição e melhora a qualidade do ambiente. 

Contudo, polarizar não se restringe a contratar pessoas de determinados gêneros, classe social etc, mas sim, focar em pessoas que se conectarão com os demais da organização.

Passo a passo para conhecer e usar a Personalidade do time a favor

Ok, e como descobrir isso? Conhecendo mais a personalidade de cada um, inclusive a sua, para saber as virtudes e se elas fazem sentido naquele contexto. Ter consciência disso pode auxiliar na identificação de deficiências na diversidade ou coesão da equipe.

Jurgen sugere em seu livro alguns testes de personalidade que podem auxiliar o time a alcançar o autoconhecimento e compartilhar (voluntariamente) esses resultados com os companheiros para que todos entendam determinados comportamentos e possam ajudar a torná-los positivos ou potencializá-los para trazer ganhos para o projeto. 

Depois de saber mais sobre você mesmo e sobre os demais, é indicado que o time escolha seus valores de acordo com o contexto atual e personalidades, o que precisa ser revisitado de vez em quando, já que estamos em transição frequentemente. 

Além disso, foque em dois a cinco valores. Depois que estiverem arraigados, escolham outros e atuem neles, pois tentar trabalhar em muitos valores ao mesmo tempo pode ser um caminho para não focar em nenhum. 

Ahh e vale lembrar que os valores dos gestores precisam corresponder aos da equipe, para que liderem pelo exemplo e não apenas por meio de discursos, o famoso ditado popular “Faça o que eu digo, não faça o que eu faço” não cabe na gestão ágil

Portanto, se você é gestor, se pergunte: meus valores estão em consonância com os que eu espero do time?

Management 3.0: o caminho para uma gestão mais eficiente

Espero que tenha ficado claro o que é o Management 3.0 e o que você ganha ao adotar esse tipo de gestão. Conhecer o contexto e o time é crucial para uma liderança assertiva. Por isso, num primeiro momento foque em energizar as pessoas e gerenciar sistemas.

Já é adepto da Gestão 3.0? Então conta para a gente nos comentários suas dicas.

Nos próximos artigos exploraremos mais a fundo as visões da Management 3.0.

Referências:

Appelo, Jurgen. Management 3.0: Leading Agile Developers, Developing Agile Leaders. Addison-Wesley Professional, 2010. https://management30.com/

Capa do artigo Management 3.0
Foto Joyce Martins
Transformation Lead
Joyce, apaixonada por conhecer pessoas e suas histórias, atua como Transformation Lead, ajudando o time a melhorar suas interações e a entregar mais valor ao cliente.

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