Você já se perguntou como desenvolver times de alta performance? Essa questão é crucial para montar uma equipe engajada formada por pessoas com habilidades e conhecimentos certos para atingir os resultados esperados pela empresa.
Se identificou? Então, acredito que esse artigo te ajudará a chegar no resultado que espera.
Em primeiro lugar, é importante salientar que o que vou falar aqui é resultado de experimentações, aprendizados, tentativas, erros e acertos ao longo da minha carreira, utilizando algumas técnicas e ferramentas de gestão de projetos e pessoas.
Vamos para o conteúdo!
Entendendo o momento do Time
Criar times de alta performance não é mágica e não acontece por acaso. É necessário, primeiro, entender o “nível” em que o time se encontra, seja no relacionamento entre as pessoas do time ou do time com a organização – chamaremos isso de “maturidade”. Além disso, é preciso definir onde se quer chegar, portanto, chamaremos isso de “objetivo”.
Existem diferentes formas de você identificar o nível de maturidade do time. Algumas delas são:
Reuniões One-on-One
Uma reunião periódica entre a pessoa responsável pela gestão e a pessoa liderada. A ideia é ouvir, individualmente, cada peça do time em busca de tentar entender o momento na organização, na vida pessoal, etc. Portanto, o ponto aqui é OUVIR.
Por outro lado, é importante salientar que essa reunião deve ser mantida com uma frequência, pelo menos, quinzenal para que haja uma cadência e os temas discutidos não se percam.
Você pode conhecer mais sobre essa troca no blog da Zup, no conteúdo sobre boas práticas do 1:1.
Matriz de Competência
Em suma, essa matriz mapeia e identifica a experiência do grupo como pessoas (dia a dia dos seres humanos) e equipe, em cada uma das competências necessárias para realizar o trabalho.
Uma coisa bem interessante nessa matriz é que ela faz uso do SHU HA RI, um ciclo de aprendizagem e progresso para domínio de uma arte marcial. Mapeadas as competências e nível de habilidade de cada pessoa colaboradora, fica fácil identificar os gaps e tomar decisões sobre como resolvê-los (por exemplo: contratar profissionais, realizar treinamentos internos e/ou externos, etc).
Roda da Vida/Roda Ágil
É uma ferramenta utilizada para realizar avaliações pessoais. O método é baseado em uma reflexão sobre as áreas fundamentais da nossa experiência diária como relacionamentos, qualidade de vida e outros.
Essa ferramenta pode ser utilizada de diversas formas como, por exemplo, a ferramenta desenvolvida pela Ana G. Soares chamada Roda Ágil. A ideia aqui é simples: mapear as áreas envolvidas no fluxo de valor do time e da organização, segmentar em itens que podem ser metrificados / medidos (por exemplo: em uma escala de 1 a 5) e aplicar em formato de formulário.
Por fim, quando a aplicação dessa técnica chegar ao final, você terá um “radar” de como está a situação do time / organização dentro dos pilares / fluxo de valor.
Squad Health Check
É uma técnica criada e utilizada pelo Spotify para verificar a “saúde” de seus times. Essa técnica é um mix de Roda da Vida / Roda Ágil e Matriz de Competência.
A ideia é bem simples: mapear os pontos que o time e as pessoas que suportam esse time consideram importantes ser discutidos, aprimorados e/ou revisados a fim de evoluir e melhorar a cultura.
Feito o mapeamento dos pontos a serem discutidos é hora de “jogar” e verificar se aquele tema está bom, mais ou menos ou um completo desastre e, dessa forma, após todos os temas serem visitados fica bem mais fácil mapear os planos de ação.
Quer saber mais sobre essa ferramenta? Acesse o nosso artigo sobre Squad Health-Check.
Curva J e Scrum
Deve ter ficado claro para você que o ponto chave para a melhoria contínua do time é trabalhar com ciclos de feedbacks curtos e constantes e aplicar técnicas e ferramentas para medir o nível de maturidade dos times, certo? Porém, caso ainda não tenha ficado claro, vou dar mais algumas dicas. .
Sabe aquele ditado “devagar e sempre”? É nele que vamos nos espelhar para traçar os próximos passos em prol da construção de times de alta performance. Sendo assim, para que isso seja possível, vamos nos atentar no seguinte ponto: toda evolução e melhoria só acontece se houver inspeção, adaptação e execução de pequenos ajustes.
Dessa forma, para os próximos passos vou precisar te apresentar duas coisas: a Curva J e o Scrum.
A Curva J
Sabe quando você põe na cabeça que quer mudar o status quo mas resolve fazer isso de uma maneira revolucionária? As chances das coisas darem errado no meio e você desistir são altas, certo?
Porém, vamos pensar por outro lado: se ao invés de uma revolução você fosse, gradativamente, evoluindo e realizando pequenos ajustes? Ambos cenários chamamos de Curva J (imagem abaixo) mas com uma pequena diferença que é o “tamanho do salto” para o novo status quo.
O Scrum
O Scrum é um framework estrutural que está sendo usado para gerenciar o trabalho em produtos complexos desde o início de 1990. Scrum não é um processo, técnica ou um método definitivo.
Em vez disso, é um framework dentro do qual você pode empregar vários processos ou técnicas.
O Scrum deixa claro a eficácia relativa de suas práticas de gerenciamento de produto e técnicas de trabalho, de modo que você possa melhorar o produto, o time e o ambiente de trabalho de forma contínua. A ideia por trás desse framework é trabalhar tudo que comentamos acima: inspeção, adaptação e pequenos ajustes.
Se interessou? Então acesse aqui o Scrum Guide.
Próximos passos
Por fim, você deve estar impaciente querendo saber como estruturar os próximos passos e mudar o status quo do time para torná-lo um dos times de alta performance, não é? Então vamos lá.
Em primeiro lugar, é primordial que você identifique o nível de maturidade do time e da organização, entendendo o que ambos consideram importante e valorizam para que seja incorporado (ou retirado) da cultura.
Consequentemente, após identificados e mapeados os pontos (ou dores) que será necessário discutir e atuar, é preciso fazer uma captura de tela do presente, mapear os indicadores que precisam ser observados baseando-se nas reuniões one-on-one e nos radares de saúde.
Agora, definida a maturidade, é hora de traçar os planos de ação para atingir o objetivo (novo status quo). Porém, vale lembrar: é preciso realizar isso de maneira incremental – pequenos ajustes, avaliando em ciclos curtos de feedback – inspeção, realizando as mudanças necessárias – adaptação.
Como o Scrum pode te ajudar nesses próximos passos
Nesse ponto, o Scrum irá te ajudar muito e te direi como. Vamos lá:
- Defina qual será o tempo em que irá realizar os ciclos de feedback (recomendo iniciar com ciclos de 1 semana);
- Crie uma lista de ações e priorize por impacto e valor (20% de esforço para gerar 80% de valor e impacto na melhoria);
- Selecione alguns desses itens para que o time e a organização trabalhem durante o ciclo (recomendo iniciar com poucos itens e ir aumentando aos poucos). O Trello é uma ótima ferramenta para promover transparência e gerenciar tarefas de um time Scrum. Listamos aqui algumas dicas práticas de como usar o Trello em equipes Scrum, ele ajuda na gestão e na transparência;
- Certifique que os itens selecionados estejam alinhados com o objetivo a ser alcançado naquele ciclo para que todas as pessoas do time estejam focadas no mesmo alvo e não percam o foco.
- Tente, pelo menos uma vez por dia, reunir as pessoas que estão empenhadas na melhoria e verificar se tudo está ocorrendo como planejado;
- Ao final do ciclo, reúna as pessoas que estiverem envolvidas e analise os resultados, o que mudou (ou não), se algum ajuste precisa ser feito, se algo não foi finalizado e o porquê. Por fim, revise a lista de ações criada anteriormente;
- Aplique os ajustes necessários no ciclo seguinte;
- Imagine, acredite, realize e repita.
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Conclusão
Antes de qualquer conclusão, é importante você dar uma passada no nosso episódio #17 do Zupcast. Ele fala sobre liderança e também dá dicas sobre lideranças não técnicas! Vale a pena conferir.
Por fim… se você chegou até aqui sem pular nenhuma etapa (e espero que não tenha pulado mesmo) está de parabéns e tenho certeza de que realizará um trabalho maravilhoso!
É bem possível que esteja pensando “Nossa! Que complicado!”… e é mesmo. No entanto, é muito importante não desistir e manter o foco. Comece com o que o seu time faz hoje, ouça quais são os pontos de melhoria sugeridos, trabalhe em conjunto, tente sempre medir o trabalho feito e o quão próximo ou distante estão do próximo status quo… repita os ciclos de melhoria de forma contínua e evolucionária!
Quando você menos esperar terá se dado conta que lapidou vários diamantes e conseguiu desenvolver times de alta performance.
Dúvidas, opiniões ou sugestões de como criar times de alta performance? Então deixe um comentário!