Se tem uma área que tem evoluído como nunca quando falamos de tecnologia é o setor financeiro. Por isso, para ficar atualizado nas tendências e novidades do setor, fomos ao Consensus 2022, o maior evento de Crypto do planeta.
Neste artigo trazemos alguns destaques sobre o Consensus 2022. Vale dizer que estávamos em 5, um time misto entre profissionais do Itaú e da Zup:
- Daniel Lugondi, Principal, Innovation Manager na Zup;
- Rafael Rossignol, Tech Lead na Zup;
- Thiago Mello, Crypto Manager no Itaú;
- Lucas Weng, Arquiteto no Itaú;
- Marcel Torres, Business Modeler no Itaú.
Acabamos nos separando para cobrir o maior número de eventos que aconteciam simultaneamente em diferentes pontos no centro de convenções e em suas imediações. Portanto, considerem essa contribuição como sendo apenas uma parte (Daniel Lugondi e Rafael Rossignol) de um apanhado muito maior.
Tá, mas o que é o Consensus 2022?
Considerado o maior evento de Crypto do planeta, o Consensus 2022 foi realizado entre os dias 09 a 12 de junho, em Austin, nos Estados Unidos. Ele é realizado pela CoinDesk – plataforma integrada para mídia, eventos, dados e índices para a próxima geração de investimentos e o futuro do dinheiro.
Desde 2015 o evento tem sido o ponto de encontro para as pessoas comprometidas com a descentralização do mundo a partir de tópicos como, por exemplo, finanças, investimentos, NFTs, Finanças Descentralizadas (DeFi), regulamentação, Web3 e o Metaverso, além de seu efeito de amplo alcance no comércio, cultura e comunidades.
A Consensus engloba todos os eventos organizados pela própria comunidade: parceiros, empresas, projetos, organizações autônomas descentralizadas (DAOs) e muito mais.
O que achamos do Consensus 2022?
O evento foi esplendoroso, muito bem organizado e que, ao nosso ver, possuía uma orientação mais direta, orientada a negócios, do que os meios para a realização das ideias, de modelos de negócios e o que deveria ser perseguido.
Workshops mais técnicos foram realizados à parte para um público específico, mas não havia muitas opções. As únicas coisas técnicas eram deep dives de 2 horas em blockchains específicas (Ethereum, Bitcoin e [cole aqui o nome daquele blockchain hipster que você conheceu ontem] for dummies).
Desta forma, no geral, o que vimos foi muito mais uma expansão dos horizontes de ideias para além do que percebemos hoje e mais, enfaticamente, para um futuro promissor que poderemos ter ao explorar certos tipos de soluções, obviamente, se estabelecendo prós, contras e trade-offs em geral.
O Consensus 2022 em detalhes
A seguir alguns destaques dos conteúdos que assistimos no Consensus 2022.
Decentralized autonomous organizations (DAO)
Decentralized autonomous organization (DAO), ou Organização autônoma descentralizada, em português, é um conceito muito interessante.
Comunidades online gerenciadas por administradores ou entidades únicas são coisas do passado. DAOs são organizadas e administradas pela sua comunidade de usuários. Assim, quem participa tem liberdade para propor e votar em mudanças.
Nisso, há formatos em que há decisões automatizadas por códigos de computador e muitos usos em filantropia.
Acesse a seguir as anotações do Daniel com mais detalhes e fotos / prints das apresentações:
- Code-Driven Communities: An Exploration into DAOs (em inglês)
- The Starfish Moment: Decentralized Organizations and the Reinvention of Philanthropy
Crypto
No Consensus 2022 tivemos várias palestras e painéis para falar de Crypto. Tanto abordando o poder de comunidades e empoderamento de clientes, como focando na importância de medidas de proteção aos consumidores.
Quando falamos de comunidades, ouvimos que Crypto combina identidade, conteúdo, influência e dinheiro em um único espaço.
Agora, quando falamos de regulamentação e segurança, ouvimos que precisamos criar um Framework que sustente que inovações possam surgir a partir de produtos financeiros (mas também no mundo das artes e da música), sem suprimir a criatividade e que proteja os consumidores.
Inclusive, existem várias questões relacionadas à coleta de dados em aberto ainda. O blockchain poderia privilegiar e dar a posse real da identidade e desses dados, porém, deixa brechas para quem quer ficar anônimo e ao mesmo tempo fazer algum tipo de mal.
Acesse a seguir as anotações do Daniel com mais detalhes e fotos / prints das apresentações:
- Crypto and the Crisis of Meaning: creating Culture and Communities through Money and Memes (em português)
- The Unique Synergy Between Sports & Crypto (em português)
- Can Consumer Protection Rules Apply to Crypto? (em português)
- Resumo do último dia do Consensus 2022 (em português e inglês):
- Propósito do evento com Michael Casey – CCO da CoinDesk
- Why Crypto Matters: A Conversation with the Head of the World’s Largest Crypto Exchange
- Crypto Research & Design Labs
- Crypto 2050 – Smart Economies, Asteroid mining, and the Digital Asset Wars
NFT
Hoje em dia há muitos debates sobre os non-fungible token (tokens não fungíveis) ou apenas NFT. Por isso, esse tema não podia faltar no Consensus 2022.
Algumas palestras tinham um tom otimista para o futuro, falando da oportunidade dos NFTs de empoderar e melhor remunerar criadores de conteúdo e artistas. Já outras trouxeram passo a passo para começar no mundo dos NFTs.
Acesse a seguir as anotações do Daniel com mais detalhes e fotos / prints das apresentações:
- Beeples and Apes and Punks, Oh My: How to Buy, Sell and Create NFTs (em português)
- NFT Now – Next (em português)
Metaverso
E é claro que o metaverso não podia ficar de fora do Consensus 2022.Nas palestras entendemos o que é metaverso, definições e potências. Ouvimos que: o metaverso é sobre a possibilidade de expandir a imaginação e ter um ambiente muito mais rico, colaborativo e compartilhável.
Acesse a seguir as anotações do Daniel com mais detalhes e fotos / prints das apresentações:
- What IS the Metaverse and How Should We Define It? W/ John Linden – Mythical Games (em português)
- Mixed Reality: The Metaverse We Actually Want (em português)
Quer saber mais sobre o metaverso? Então ouça nosso episódio especial do Zupcast sobre o tema:
Palmas para Brett King
Meu (Daniel) destaque no Consensus 2022 foi a apresentação final feita pelo Brett King. Inclusive, vale seguir o cara, (ainda não indico os livros, mas andei comprando… aheuaheuahe) aqui o site oficial do Brett King.
Essa apresentação teve um fit enorme com tudo que vimos ao longo da jornada, uma visão futurista e o potencial para se lidar com um futuro incerto tanto sobre meio ambiente e sustentabilidade (como escassez de comida), como a necessidade da adoção de novas tecnologias para suprir essas demandas.
Brett falou sobre créditos de água limpa, floresta, energia renovável, etc.. Estarem numa rede descentralizada, será que o futuro será assim? Sem dinheiro? Terminamos a Consensus 2022 pensando na vida.
Tipos de pessoas que frequentam o Consensus
Ao participar do Consensus 2022 foi possível perceber que esse evento foi frequentado por 5 perfis de pessoas. A seguir, vamos explicar esses perfis usando o conceito de personas.
1 – Libertários
É muito difícil cair no mundo cripto sem entrar um pouco na questão política e filosófica de como o mundo deveria funciona. Afinal troca de dinheiro é troca de valor, e o valor das coisas tem relação direta com como as pessoas se relacionam e é melhor eu parar aqui, senão vou cair em discussões profundas sobre economia. Vamos voltar aos libertários.
O primeiro grupo de pessoas que se meteu com cripto(moeda) foram os libertários, e esse grupo estava presente na Consensus, havia discussões sobre como a descentralização tem potencial para solucionar muitos dos problemas do mundo.
2 – Ativistas sociais
Diversas palestras mostravam experimentos ou discutiam (junto com o grupo dos criadores e dos pesquisadores) maneiras como a Web3 pode ajudar grupos minorizados a ter uma condição imediata melhor ou mesmo serem uma ferramenta para diminuição da desigualdade a longo prazo.
Discussões como “DAOs for Humanity”, onde ativistas sociais e cientistas mostraram iniciativas reais utilizando DAOs e como essas estavam ajudando pessoas agora.
3 – Criadores de conteúdo
“wealth is sticky” (a riqueza é pegajosa, em tradução livre) foi uma das frases que ouvi durante a Consensus 2022, e essa frase não estava numa palestra sobre criação de conteúdo, mas sobre ativismo social. Porém, algo que percebi é que tudo no mundo da Web3 está relacionado, desde que o mundo capitalista explodiu após a revolução industrial, as plataformas retém a riqueza enquanto criadores de conteúdo cedem seus direitos em prol de uma fração pequena.
Na Consensus 2022 era possível observar profissionais (por exemplo esportistas, artistas, musicistas, influenciadores, entre outros) mostrando como estavam tentando quebrar o poder das plataformas (streamings, gravadoras, clubes, etc…). Para essas pessoas, a Web3 pode prover a infraestrutura necessária para distribuir de maneira mais justa o valor gerado pela distribuição de conteúdo.
O que nós percebemos? Que as atuais NFTs e suas plataformas de venda, são simples experimentos sociais e que ainda não sabemos onde vão chegar. São pessoas de verdade tentando fazer algo diferente, mas junto dessas pessoas há empresas querendo lucrar, talvez criar novas plataformas substituindo o que já existe por algo igual, mas que parece novo. E aí que vem a próxima persona.
4 – Pessoas de negócio
Em qualquer iniciativa, há aqueles que tentam lucrar, gerar algum valor para as pessoas e ganhar parte desse valor para si. E isso é normal, faz parte do jogo. A grande questão, é que na Consensus 2022 deu pra perceber que há oportunistas que criam uma plataforma para compra/venda de NFTs cobrando uma taxa alta e fazendo com que toda a mágica da descentralização da Web3 seja só uma palavra bonita pra lucrar mais e nada que seja útil na prática.
Mas também dá pra perceber gente séria, que enxerga uma dicotomia entre centralização e descentralização (user experience e anonimidade real), pensando em como gerar valor sem a Web3 perder a essência.
Foi possível observar isso em discussões como “The Journey to Crypto Normalization“, “The Rise and Fall (and Rise Again) of Pseudonymity” e “Bitcoin’s Many Narratives: Digital Gold, Payments, Platform”.
Dentre as pessoas querendo gerar algum valor, também há aqueles querendo prover infraestrutura agnóstica lucrando agora, antes que algo concreto exista, ajudando curiosos a criar negócios que não necessariamente darão algum lucro, e então caímos no último grupo.
5 – Pessoas curiosas (profissionais de pesquisa e pessoas do mercado)
Por fim, a última persona, lugar na qual eu acho que estou mais alinhado (Rafael). Na minha concepção estão divididos em duas subcategorias: os curiosos acadêmicos e os curiosos de mercado.
Na Consensus 2022 tinha de tudo, pesquisadores mostrando dados sobre como iniciativas de Web3 estão sendo utilizadas em diversas soluções: dinheiro sem fronteiras, transações atômicas, reserva de valor, tokenização de ativos, diminuição da desigualdade, entendimento das relações humanas, melhor remuneração de artistas/criadores, etc…);
Havia pessoas de mercado e acadêmicos discutindo que diabos é o Bitcoin “Bitcoin’s Many Narratives: Digital Gold, Payments, Platform“; houve uma discussão sobre diversidade “Is My Algorithm Biased? The Imperative of Inclusion for Crypto” no palco principal, uma das melhores (só gente muito capacitada, diversa e de diversas áreas) mostrando como os algoritmos do passado e do presente são enviesados e como devemos nos precaver para não fazer isso com a Web3.
Na minha humilde opinião, a Consensus 2022 estava muito, mas muito focada mesmo nos curiosos. Foram muitas palestras focadas em quem sabia pouco da Web3 com viés mais educativo. Já outras voltadas a exploração/entendimento de novas iniciativas que ninguém sabe mesmo onde vai dar, que não dão lucro, que não resolvem um problema de fato, mas que tem potencial de mudar as comunidades
Potencial de inovação e Comunidades: as palavras-chaves do Consensus 2022
Potencial, pra mim foi a palavra chave não dita da Consensus 2022, que tentou mostrar para as pessoas e organizações o potencial que a Web3 tem, desde os DAOs que misturam economia com política de maneira automatizada até os metaversos, que está tão no início que ninguém sabe direito como explorar.
O que se sabe até agora, é que as criptomoedas podem ser a moeda nativa de tudo isso que está aí na Web3 e tem o potencial de mudar o mundo. Se mudará o mundo para melhor ou pior, ninguém sabe, e acredito que devo ter visto alguém discutindo isso lá também.
Houve também outra palavra chave, essa dita a exaustão: “comunidade”. Economia, Política, Tecnologia, e tudo mais que está em jogo na Web3 está relacionado às pessoas, em como elas se relacionam, por isso a palavra “comunidade” foi falada tantas vezes.
Vou colocar aqui um dos significados da palavra “comunidade”: “estado ou qualidade das coisas materiais ou das noções abstratas comuns a diversos indivíduos; comunhão”
Tem ou não tem a ver com consenso? Aquilo que é a base do blockchain e da Web3 . E que, os programadores estudam tanto para entender e construir os algoritmos (de consenso) do blockchain? Não à toa, o evento tem esse nome.
Conclusão
Deu para perceber que o Consensus 2022 foi um baita evento! Esperamos que esse relato te instigue a pesquisar e estudar mais sobre esses assuntos que, com certeza, só ficarão mais presentes no nosso dia a dia daqui pra frente.
A CoinDesk disponibilizou todas as talks para quem participou presencialmente, agora é assistir os outros 90% de palestras que não conseguimos ver presencialmente, e quem sabe gerar mais posts sobre o assunto.
E aí, o que achou do Consensus 2022? Esteve presente ou acompanhou do sofá? Conta para a gente nos comentários!
*Artigo escrito por Daniel Lugondi e Rafael Rossignol, que estiveram presentes no Consensus 2022, em Austin, nos Estados Unidos.