Transição de carreira é sempre um desafio, ainda mais quando a nova área é a de tecnologia. Por isso, reunimos aqui quatro zuppers que fizeram essa movimentação para contar o que os motivou e os desafios, além de aprendizados e dicas.
Se você está pensando em fazer uma transição de carreira, com certeza essas histórias vão te inspirar. Agora, se seu começo na tecnologia foi diferente, vai ser interessante conhecer outras realidades e trajetórias.
Conheça as histórias de:
Qual era a sua profissão antes?
Ana Paula Lopes Araujo: Eu era professora de espanhol em uma escola de idiomas e depois comecei a dar aulas de inglês. Também fui professora de português para estrangeiros por algum tempo, mas não gostei da experiência.
Lincoln Silva Gadea: Depois de cinco anos na Marinha do Brasil (e sair sem nenhuma profissão civil ou experiência no mercado tradicional), fiz um curso de manutenção de computadores e trabalhei 15 anos na área. Minha última experiência antes de vir para a Zup foi de instrutor em cursos técnicos de redes de computadores. Além disso, por dois anos tive uma empresa de confecções.
Lucas Thomaz Ribeiro: Eu fui atleta profissional de voleibol por 10 anos antes de migrar para a área de TI.
Stella Maris Marcelino Medeiros: Servidora pública concursada.
O que te motivou a trocar de carreira? Por que tecnologia?
Ana Paula: A sensação de ser a pessoa errada no lugar errado. Não era uma carreira que desejava seguir, nunca achei que tivesse vocação para o magistério. Juntando ainda o fato de que não é uma profissão valorizada no nosso país. Eu sempre me interessei por assuntos relacionados com a tecnologia, de modo que resolvi transformar meu interesse em uma carreira.
Lincoln: Tudo aconteceu muito naturalmente, a vida foi me direcionando para algo que acredito muito ser um dom. Sempre gostei de tecnologia e sempre estive envolvido com tecnologia desde minha infância. Minha mãe fala que eu abria os equipamentos eletrônicos e tentava criar coisas com as peças, até minhas brincadeiras de infância estavam sempre relacionadas a ficção científica e alguma ideia tecnológica.
Lucas: Eu sempre gostei demais de tecnologia, desde criança sou um gamer inveterado. Alinhado a isso, minha madrinha me influenciou bastante, ela trabalha com tecnologia desde os anos 90 na área de Ciências de Dados, e foi por causa dela que resolvi fazer minha transição de carreira. Ela sempre foi uma inspiração pra mim e não entender o que ela fazia com certeza me motivou a estudar tecnologia. Eu fiz curso superior de Tecnologia em Bancos de Dados e a prova de certificação da Google Cloud Plataform (GCP) como engenheiro de dados.
Stella: Desde nova tinha curiosidade em aprender como computadores e sistemas funcionavam. Desmontava e montava aparelhos eletrônicos e sempre me interessei em resolver problemas. Porém a vida me levou por outro caminho e precisei largar esse sonho para me dedicar a algo que trouxesse retorno financeiro rápido e acabei fazendo concurso público.
A rotina era muito monótona. Neste período tive vários colegas que estavam prestes a se aposentar e nenhum deles estava realmente feliz. Entendi que a razão desta infelicidade era o fato de olharem para trás e ver que não criaram nada, não se desafiaram e preferiram um lugar confortável a correr riscos. Perceberam que essa segurança não produziu frutos.
Escolhi a área da tecnologia porque há uma possibilidade ilimitada de criação ou reciclagem de boas ideias mal executadas. A tecnologia pode, literalmente, tirar alguém da pobreza e de uma situação desvantajosa e criar oportunidades.
Como foi o processo de Transição de Carreira?
Ana Paula: Fui tentando fazer várias coisas antes de descobrir o que realmente gostava de fazer. Como tinha alguns conhecimentos de Photoshop e Illustrator, comecei a me aventurar por alguns trabalhos de design gráfico (inclusive já ganhei uma concorrência de um site com um cartão de visitas).
Depois de algumas tentativas, me encontrei no desenvolvimento web. Comecei a estudar com mais dedicação até que no final de 2018 fiz minha inscrição para o bootcamp da Laboratoria. Foram seis meses duros, mas que definitivamente mudaram minha vida.
Lincoln: Meu processo de transição de carreira não foi nada fácil. Foram anos de busca e um projeto de dois anos de preparação para entrar no mercado como um desenvolvedor de sistemas. Vou resumir minha trajetória:
Já no começo da minha carreira como técnico de informática busquei evoluir profissionalmente. Porém, na época o único curso de nível superior na minha cidade que se aproximava da área era o de Bacharelado em Sistemas de Informação. Nele foi onde eu tive o primeiro contato com a área de programação.
Mas infelizmente ter essa graduação não foi o suficiente para conseguir uma vaga como desenvolvedor de sistemas. Minha cidade tinha poucas empresas na área de programação e nenhuma estava disposta a me oferecer o salário que eu tinha para trabalhar como desenvolvedor junior.
Na época o home office no Brasil ainda era uma utopia. Durante anos eu enviei currículos para empresas de tecnologia no Brasil todo, na expectativa de conseguir uma vaga como desenvolvedor de sistemas, sem sucesso.
Para ganhar experiência, passei a trabalhar como freelancer nas horas vagas criando sites para pequenas empresas. Além disso, cheguei a cogitar trabalhar de graça.
Foi quando eu resolvi fazer uma pós-graduação em Engenharia de Software. Acreditava que com isso, conseguiria convencer as empresas a me contratar ao menos como um desenvolvedor júnior com o salário que eu já tinha. Nessa época eu já estava trabalhando como professor de cursos técnicos para o Senai, mas estava muito frustrado com minha profissão e não conseguia mais me ver nela.
Depois de dois anos da conclusão da pós-graduação e inúmeros cursos livres em diversas linguagens de programação eu ainda não tinha conseguido fazer a transição de carreira. Eu não tinha experiência nem coragem para abandonar tudo e começar do zero.
Em 2017, resolvi abandonar a docência e começar um negócio em uma área totalmente diferente. Criei uma empresa na área de confecções que durou dois anos. Era muito difícil manter um negócio sem capital de giro e onde tudo dependia de mim.
Mas depois disso eu decidi entrar de corpo e alma no projeto de retomada ao mercado de trabalho e não aceitaria atuar em uma área que não fosse de desenvolvimento de sistemas. Nessa virada eu:
- participei de vários bootcamps;
- adquiri diversos cursos online na área de programação;
- passei a criar vários projetos de estudo seguindo as orientações de pessoas que fui conhecendo ao longo do percurso;
- passei a alimentar meu GitHub com os projetos que fui criando;
- comecei a ter uma participação mais ativa no LinkedIn.
Daí veio a pandemia.
Com a pandemia, o Home Office entrou em evidência no Brasil e no mundo. A partir daí, comecei a participar de mais entrevistas, mas ainda não conseguia uma vaga de desenvolvedor júnior por falta de experiência.
Com o networking, passei a ser mais indicado para vagas e a receber propostas mais concretas. Uma dessas foi de trabalhar como júnior, contrato PJ (pessoa jurídica), em uma empresa prestes a começar o primeiro projeto.
Só que durante esse processo seletivo também estava no processo do programa Orange Talents da Zup, que conheci através de uma indicação.
Passei nos dois processos, mas a proposta da Zup e do Orange Talents (um programa de treinamento durante 3 meses com a possibilidade de, em seguida, ser inserido em um projeto real com uma promoção para desenvolvedor pleno) era melhor. Hoje eu não só fiz minha transição de carreira como sou um zupper.
Lucas: Foi surpreendentemente tranquilo. Como atleta de alto rendimento eu já estava acostumado a rotinas de treinos pesados e sacrifícios constantes para se alcançar um objetivo.
Quando resolvi migrar mesmo, busquei cursos que pudessem completar minha formação como Tecnólogo em Bancos de Dados. Nesse momento encontrei uma maratona de uma semana de programação da Rocketseat. Como eu não entendia nada de desenvolvimento web, mas sabia que tudo precisaria de um Banco de Dados, resolvi fazer pra conhecer mais.
Com isso, me apaixonei por desenvolver aplicações que pudessem ter um real impacto na vida das pessoas à minha volta. Continuei estudando e me dedicando por mais dois meses e nesse momento já consegui minha primeira oportunidade no mercado, em maio de 2020… Um mês depois fui contratado pela Zup.
Stella: Foi cuidadosamente pensado e trabalhado. Me eduquei para conseguir entrar em uma empresa como a Zup, para quando a oportunidade aparecesse eu estivesse pronta.
Quais os seus aprendizados em relação a esta transição?
Ana Paula: Acredito que o maior aprendizado foi conhecer novas formas de estudar. Além de ter entrado em uma comunidade na qual me sinto bem.
Lincoln: Meus conselhos se misturam com meus aprendizados. Por isso, vou responder em conjunto na próxima pergunta.
Lucas: O primeiro e talvez mais importante aprendizado é que eu sou capaz de aprender qualquer coisa desde que coloque o tempo e o empenho necessários.
Os outros ensinamentos minha carreira como atleta já havia me dado, mas a transição de carreira com certeza fortaleceu. São eles, por exemplo:
- O autoconhecimento é o caminho mais rápido para transformar a sua realidade.
- A dedicação e a disciplina juntas formam uma mistura poderosa.
- Procure bons professores, eles são os maiores catalisadores do seu crescimento.
- O único dia fácil foi ontem.
- Já que você decidiu estar aqui, faça jus à sua decisão.
- Tenha o hábito de estabelecer metas claras para curto, médio, longo e muito longo prazo e revisite-as com frequência.
Stella: Nem tudo acontece como esperamos, em algum momento haverá medo e insegurança, mas é importante ter a certeza do terreno em que se pisa e seguir firme. O mais importante, porém, é ignorar as vozes de quem te aconselha a buscar apenas “facilidade” e ao mesmo tempo reclama da situação em que está. Afaste-se dessas pessoas.
Que conselho você daria para alguém que está transicionando de carreira agora?
Ana Paula: Se essa pessoa entrar na área de desenvolvimento, aconselharia a estudar lógica de programação antes de investir em alguma linguagem. Se tivesse feito isso antes, acredito que teria começado minha transição de carreira com mais leveza.
Lincoln: Aqui os meus conselhos para fazer uma transição de carreira:
- Se você está infeliz com a sua profissão, não deixe que ela se torne a sua principal fonte de renda. Sei que é difícil. Mas se conseguir, vai te poupar anos de frustração e vai ficar mais fácil quando decidir trocar de área.
- Nunca desista dos seus sonhos, parece um clichê, mas a resiliência e a persistência foram duas características que precisei aprimorar para conseguir chegar até aqui.
- Se relacione, faça cursos, participe de eventos e faça amigos dentro da área que você pretende migrar. No final das contas, o networking vai te ajudar mais do que o currículo. Não que ele não seja importante, mas nem sempre é a chave que vai abrir a porta.
- Valorize os pequenos sucessos, eles vão te dar fôlego para continuar tentando.
- Se você tem 100% de certeza do que deseja fazer, desistir NÃO pode ser uma opção válida, essa palavra precisa sumir do seu vocabulário.
- Às vezes é preciso recuar um passo para avançar 10. Essa frase se encaixa perfeitamente em um processo de transição de carreira.
- Não foque no resultado, foque no processo e o resultado vai acabar acontecendo. Crie metas diárias para conquistar, comece com metas possíveis e logo você vai estar conquistando as impossíveis.
- Se movimente nas redes sociais, principalmente no LinkedIn. Mas seja sempre positivo, na vida não existe espaço para o negativismo, sempre acredite que vai dar certo, mesmo quando tudo parece que não vai dar.
- Seja humilde, reconheça seus erros, conheça suas fraquezas e trabalhe para eliminá-las. Ser humilde não quer dizer aceitar qualquer proposta, principalmente se outras pessoas dependem também da sua renda.
- Cada entrevista é uma nova vitória, mesmo que não venha o “sim”, no “não” também existem aprendizados. Eu aprendi muito com cada entrevistador, aprendi a melhorar meu currículo, aprendi a falar somente o necessário, mas sem deixar de ser interessante.
- Dica, esqueça a palavra “não” nas entrevistas, tente ser o mais positivo possível. Mostre o quanto de valor você pode entregar, mesmo não tendo todos os valores que esperam de você, foque no que você consegue fazer. Resuma em poucas palavras tudo que você pode oferecer e não fale o que você não sabe fazer (a menos que perguntem), pois pode ser que você nem precise saber o que acha que precisa.
Lucas: Nunca perca de vista seu “porquê”. A disciplina precisa vencer quando a motivação falhar. No começo os conceitos podem ser um pouco opressivos, mas conforme você estuda e se familiariza com eles, vai compreendendo pouco a pouco até o momento que o “estalo” acontece e tudo faz sentido…
Tenha paciência e nunca se compare com os outros. O fracasso e a falha fazem parte do jogo, da jornada e da vida, mas não se acostume com eles, aprenda com eles.
Stella: Muitos me falaram que era loucura sequer pensar em largar um cargo no serviço público para lidar com o mercado, mas meu objetivo estava definido e não aceitava me limitar em busca de conforto. O mais importante é se você olha para o futuro e se enxerga no mesmo lugar, mude isso!
Transição de Carreira: muitas vezes o primeiro passo para a realização profissional
Que histórias, não é mesmo? Cada um com um caminho diferente, mas com paixão de sobra por tecnologia e o forte desejo de alcançar a realização profissional.
Na Zup acreditamos nas pessoas! Aqui você tem oportunidade de crescer exponencialmente independente da sua profissão anterior com os recursos que oferecemos de desenvolvimento de carreira.
Além disso, para gente não importa de onde você more. Com o programa Liberdade você pode escolher como quer trabalhar, dos escritórios, completamente remoto ou em um modelo híbrido.
Inclusive, se quiser conhecer outras trajetórias de pessoas que fizeram transição de carreira para tecnologia nós temos um episódio do ZupCast sobre o tema.
E você, tem uma história de transição de carreira para tecnologia também ou está pensando sobre o assunto? Conta para a gente nos comentários.