Já parou para pensar que atualmente temos várias palavras importadas que viraram tendência? Quem nunca ouviu falar sobre status report, bitcoin, startup, lean, agile, não é mesmo? Pois agora vamos falar sobre metodologias ágeis e você vai tirar esse assunto de letra, e fazer virar tendência!
O conceito de agilidade é uma dessas palavrinhas que parece que veio para ficar no mundo corporativo (seja ele mundo VUCA ou quem sabe até mesmo mundo BANI). Novidade para muita gente, há conceitos que surgiram na década de 50 e ainda impactam muitas empresas.
Então vamos mergulhar no universo das metodologias ágeis? Continue lendo e saiba qual velocidade usar para ir na direção certa!
Afinal, o que são Metodologias Ágeis?
Muita gente acredita que a agilidade, além de utilizar um monte de post-its coloridos, está associada à velocidade, a ir mais rápido, a fazer primeiro. Porém, essa é uma má interpretação do conceito. A agilidade refere-se à adaptabilidade, ou seja, a capacidade de se adaptar às mudanças.
Gosto muito da frase da Clarice Lispector para entender este conceito: “A direção é mais importante do que a velocidade.”
Isto porque não adianta sermos eficientes para correr uma maratona a 20km/h (velocidade de uma pessoa maratonista profissional) se estivermos indo para um trajeto errado, que não nos levará até o final da corrida.
Dessa forma, mais do que ir rápido, temos que nos adaptar pelo caminho para ir na direção certa!
Como tudo começou?
As Metodologias Ágeis foram concebidas como um framework para melhorar a forma de trabalho de desenvolvimento de softwares.
Uma das principais publicações sobre o tema fez 10 anos e recebeu uma atualização em 2020: o Guia do Scrum, escrito por Ken Schwaber & Jeff Sutherland.
Lá no começo dos anos 2000, nos Estados Unidos, eles juntamente com algumas pessoas profissionais de Tecnologia da Informação, criaram o Manifesto Ágil. Esse documento tem o intuito de estabelecer novos conceitos e abordagens para o gerenciamento de projetos tradicionais.
Neste manifesto eles estabeleceram valores importantes para todas as metodologias ágeis no mercado (e são muitas!):
- Cuidado com Pessoas: Indivíduos e interação entre eles mais que processos e ferramentas;
- Valor agregado para pessoas usuárias: Software em funcionamento mais que documentação abrangente;
- Parceria estratégica com quem consome: Colaboração da pessoa consumidora mais que negociação de contratos;
- Adaptabilidade aos cenários: Responder a mudanças mais que seguir um plano.
Essa conexão nos mostra que a agilidade está na nossa essência, nos proporcionando um ambiente de colaboração, adaptação e aprendizagem sendo a cultura a nossa base para tomada de decisões.
As metodologias ágeis também são adaptáveis
O conceito da agilidade significa adaptabilidade. Por isso, as metodologias ágeis utilizam processos e ferramentas que foram evoluindo e se adaptando ao contexto.
Em contrapartida, utilizam insights vindos dos chamados métodos de gestão de projetos tradicionais. Esses métodos foram consolidados em 1960, nos Estados Unidos, pelo PMI (Project Management Institute), ao trazer um guia de melhores práticas de gerenciamento de projetos, o PMBoK (Project Management Body of Knowledge).
Assim, ferramentas e processos como Lean, Kanban, Kaizen e Planejamento em Ondas Sucessivas foram adaptadas para criação de metodologias ágeis, como Scrum e SAFe.
Dica: temos um artigo ideal para você conhecer os principais métodos ágeis do mercado!
Enquanto isso, desde sua criação no ano de 2000, a própria versão do Guia Scrum teve alterações para responder às mudanças dos próprios times, de quem consome e das organizações.
Portanto, podemos afirmar que as metodologias ágeis estão em constante uso e evolução para serem adaptáveis conforme o contexto e permitirem que os times sejam cada vez mais autônomos e unidos para a entrega de um produto funcional e que agregue valor para as pessoas usuárias.
Metodologias Ágeis x Metodologias Tradicionais
O surgimento da gestão de projeto com métodos ágeis não quer dizer que o gerenciamento de projeto tradicional não tem sua aplicação. Tudo é uma questão de contexto e, principalmente, saber quando utilizar cada um.
Dessa forma, podemos citar como as principais diferenças entre a metodologia ágil e a tradicional, por exemplo:
Ágil | Tradicional | |
Drive (o que é restritivo) | Prazo. | Escopo. |
Propósito (o que espera entregar) | Valor. | Plano. |
Foco (ao que é orientado) | Pessoas. | Processos. |
Escopo (o que deve ser feito) | Incerto e progressivo. | Bem definido e previsível. |
Cenário (como é o ambiente) | Imprevisível e com necessidade de adaptações. | Previsível e com baixo índice de mudanças. |
Riscos (o que pode atrapalhar o projeto) | Baixo impacto, pois só deve entrar para desenvolvimento o que está bem definido e sem impedimentos. | Alto impacto que demandam o gerenciamento constante e resposta aos riscos, já que o escopo não deve ser mudado. |
Liderança do projeto | Pessoa facilitadora dentro do time. | Gerente com controle total. |
Pessoa consumidora | Faz parte do time e recebe entregas a cada sprint (geralmente 15 dias). | Interage bastante na parte inicial e na entrega final do projeto, com poucas participações ao longo da execução. |
Time | Auto motivado e auto gerenciável. | Papéis bem definidos e centralização na liderança. |
Escala | Pequenos projetos e de menor duração, com escopo refinados ao longo do projeto. | Grandes projetos e de maior duração, com escopo bem claros. |
Histórico (base de projetos já realizados) | Ineditismo, com entrega altamente inovadora. | Vários projetos similares feitos. |
Feedback (como ver se está na direção) | Pequenos ciclos para melhoria contínua. | Consolidação das lições aprendidas no caminho ao final do projeto, com pouco espaço para alterações. |
Exemplos (como pode ser aplicado) | Desenvolvimento de um app; Criação de uma nova linha de shampoo. | Construção de uma casa; Realização de um show de música ou campeonato esportivo; Lançamento de um filme. |
É possível usar as metodologias ágeis e tradicionais juntas?
A resposta é sim!
Podemos utilizar um pouco do ágil, quanto o tradicional e, dessa forma, criar a metodologia híbrida de projetos. Quem nunca ouviu o ditado: “Para quem só sabe usar o martelo, todo problema é prego”? Por isso, abra sua mente e a sua “caixa de ferramentas” de projetos.
No arsenal de ferramentas, temos que ter espaço para a cerimônia de daily e refinamento, tanto quanto para conhecer a matriz de gestão de riscos, cronograma de Gantt ou orçamento.
É importante não termos uma visão míope, pois como a proposta é flexibilidade, por que não adaptar a metodologia que vai ajudar no sucesso do projeto ou produto? O que utilizar e quando, vai muito da maturidade da liderança de projetos, do time, da organização e de quem consome.
Entenda um pouco mais sobre projeto x produto em nosso Zupcast.
Fica a dica: não se limite, nem entre na briga de qual metodologia é a melhor. Todas são excelentes se souberem ser bem utilizadas.
Conclusão para ir na direção certa
Mesmo sendo aplicado essencialmente no desenvolvimento de softwares, atualmente, as metodologias ágeis são utilizadas em outros tipos de projetos.
Por exemplo, várias empresas de publicidade e agências de comunicação usam o Scrum para organizar as entregas de suas peças e campanhas publicitárias. Da mesma forma, um escritório de advocacia consegue planejar as demandas de contratos e processos jurídicos com um Kanban.
As aplicações das metodologias ágeis são inúmeras, seja no trabalho, para planejar nossas entregas para pessoas consumidoras, ou em nossos projetos pessoais, como organizar uma festa de casamento, a viagem dos sonhos ou até mesmo a lista de tarefas a serem feitas na semana.
E você, já utilizou uma metodologia ágil alguma vez? Em que tipo de projeto você já aplicou? Ou agora deu vontade e pretende começar o ano organizando seus projetos com alguma ferramenta? Deixe seu comentário para o debate!
Referências:
- Schwaber, Ken & Sutherland, Jeff. Scrum Guide 2020.
- Foto 01 – Photo by Mārtiņš Zemlickis on Unsplash
- Foto 02 – Photo by Christopher Gower on Unsplash