Staff-Plus Engineer: evolução da carreira técnica após sênior

Neste artigo você vai ver:

Assim como a engenharia, a experiência e até mesmo o impacto na criação de software vem mudando. A carreira técnica também sofreu esse efeito e veio se transformando ao longo do tempo, e é sobre isso que vamos falar neste artigo: Staff-Plus Engineer.

Certamente, essa mudança vai continuar acontecendo, afinal a engenharia de software é uma área em constante evolução, dessa forma os cargos também precisam evoluir.

É sempre importante salientar que a carreira técnica varia de acordo com países, empresas e tempo. De uma maneira geral, podemos pensar no movimento da carreira técnica em três grandes movimentos:

1. De profissional da engenharia para manager 

Um movimento muito comum no começo da área era definir que a carreira de gestão era um movimento obrigatório para todo mundo! Quer dizer, uma pessoa engenheira após o cargo de sênior, para impactar mais a organização teria que migrar para posições como manager, head, diretor, entre outros. 

O que resultava muitas vezes na perda de profissionais excelentes da organização e ganho de uma pessoa gerente despreparada e desmotivada. A consequência era a situação em que tanto a empresa quanto a pessoa perdiam a médio e longo prazo.

2. Da separação da carreira: nascimento da carreira em Y

Com o passar do tempo, as empresas entenderam que era necessário inovar para se manter competitivas no mercado. Foi aí que começaram a perceber que determinadas pessoas se destacavam em uma área, sempre se aprofundando, buscando conhecimento e oferecendo soluções para as principais demandas.

Porém, na maioria das vezes, não ocupava um cargo igual ao seu trabalho, pois a carreira tradicional costuma valorizar apenas cargos de liderança.

A vantagem desse movimento é a possibilidade de fazer com que o indivíduo tenha a opção de se manter na área técnica, em vez da mudança abrupta para a gestão. Assim, nasce com a carreira Y a posição de especialista, onde é possível ter o foco em uma especialização. 

No final do dia, o que é mais relevante ser avaliado é o tempo de experiência profissional, a velocidade menor para resolver problemas e o risco que seria gerado com a perda dessa pessoa.

3. De especialistas sem participação estratégica

No entanto, de um lado a posição de gestão fica responsável por todo o peso estratégico e técnico, do outro a pessoa especialista, fatalmente, se torna apenas uma sênior cara ou de luxo.

O que a curto prazo fez bem, uma vez que a pessoa não precisa ir para a gestão e prefere se aprofundar em sua respectiva especialização, a longo prazo o desafio é justificar a sua existência, como já mencionado, muitas vezes o indivíduo não se envolve ou participa da organização de forma estratégica.

Podemos dizer também que isso alimentou uma crença, um paradigma, de que pessoas que optam por não seguir em gestão são aquelas que não gostam de lidar e conviver umas com as outras. E esse tabu nos faz exercitar e fomentar o desenvolvimento de tantas soft skills em profissionais que seguiram, sem crítica, esse movimento “natural”.

Enquanto isso, algumas pessoas e empresas começaram a perceber uma nova onda acontecendo, tanto por necessidade da carreira de pessoas especialistas, que queriam conhecer e impactar mais, quanto pelas empresas que tinham uma necessidade iminente do seu negócio ser influenciado também por uma visão complementar da tecnicidade.

Surge o Staff-Plus Engineer

Focando na área de engenharia de software, vimos o grande crescimento de oportunidades. Vimos empresas que freneticamente falavam “não somos empresas de software” entenderem que atualmente toda empresa é uma empresa de software, como afirma a Forbes, e que todos os negócios são negócios de software, cunhado pela CMMI.

Diante desse cenário, a tecnologia deixou de ser um recurso apenas operacional, mas algo estratégico para qualquer organização. E, com essa importância, ter um profissional técnico e que também tenha interesse em tomar decisões a ponto de impactar positivamente a organização era necessário.
A maior diferença entre a tentativa anterior, com algumas implementações de carreira Y, é que agora temos um maior alinhamento com a área de gestão. Ou seja, existe uma relação, inclusive, em termos de impacto dentro da organização.

Diagrama que introduz o conceito de Staff-Plus Engineer. Na imagem, podemos acompanhar o começo de carreira com early-career, mid-level e sênior, a partir desse ponto, pode-se trilhar dois caminhos. O primeiro é Staff-plus, com staff, principal e distinguished, com o fundo amarelo na imagem. O segundo é Engineering management, com manager, sr manager, director e vice-president, com o fundo em azul claro.
 O artigo que traz a introdução de Staff-Plus Engineer com base no artigo do Will Larson: https://staffeng.com/guides/overview-overview

Hoje, existem muitas discussões sobre se faz sentido utilizar o termo de carreira em Y.  Principalmente, porque ambas são áreas importantes, porém com conhecimentos e especializações diversas, seria comparar bananas com maçãs. Esse é um dos motivos que muitas vezes não se correlaciona com uma carreira Y ou uma versão 2.0 da mesma.

Aprofundando nesses perfis e em suas diferenças, podemos usar o framework para carreira de profissional de engenharia e comparar os dois perfis: gestão e liderança técnica ou staff-plus.

Por exemplo, utilizando o framework engineeringladders, conseguimos visualizar o último estágio da carreira de gestão e da carreira de staff. No geral, eles conseguem preencher todo o quadrante estratégico de uma organização em conjunto.

Pentágono sobre a expectativa de um distinguished engineer com cinco palavras em cada ponta: Technology, System, People, Process e Influence. Um pentágono com contorno azul, não uniforme, aparece dentro do maior, e os pontos mais relevantes estão com linhas mais próximas de tecnologia, influência e sistema.

Na imagem ao lado, Pentágono sobre a expectativa de um distinguished engineer com cinco palavras em cada ponta: Technology, System, People, Process e Influence. Um pentágono com contorno verde, não uniforme, aparece dentro do maior, e os pontos mais relevantes estão com linhas mais próximas de processo e people.

O ponto é que lidar com pessoas é complexo da mesma forma que gerenciar softwares. Não é possível deixar toda essa responsabilidade na mão das pessoas gestoras, mas é indicado compartilhar essa atividade com uma liderança técnica. 

O grande desafio está para além de perceber essa complementaridade e evidenciar as carreiras corporativas, é preciso abrir espaços de troca na prática e envolver os dois públicos nos pequenos e grandes encontros de discussão e decisão.

Qual é a maior diferença entre sênior e Staff-Plus Engineer?

Um pensamento muito recorrente da carreira técnica é achar que ao evoluir para staff não é necessário aprender novas habilidades e nem lidar com pessoas. 

De fato, é um pensamento que uma grande gama de organizações acreditam como um erro do passado. Software é feito para pessoas e por pessoas. Assim, o fator humano se torna algo crítico.

O Staff continuará sem a responsabilidade de gerir um time, ou seja, não lidará com aumentos, salários, coordenação de times, etc. No entanto, ele tem como responsabilidade a função de oferecer mentorias de carreira para colegas da engenharia, multiplicar a qualidade de software e pensar nos impactos da arquitetura, principalmente, de forma estratégica.

Com base nisso, a liderança técnica terá que evoluir tecnicamente, porém não apenas isso, exigirá uma melhor habilidade na comunicação e maior preocupação com os seus times. Todo esse processo leva essa carreira a ter um papel fundamental na influência através de sua argumentação, persuasão e negociação.

O que preciso conhecer para entender melhor?

O termo é bem extenso, o primeiro passo para saber mais sobre essa carreira é o livro do Will Larson: Staff Engineer: Leadership beyond the management

Nele, você encontra cases de várias grandes empresas como Netflix, Microsoft, Elastic, Github, 1Password, Gitlab, etc., o autor trabalhou em todas para conhecer seus comportamentos. Não existe um padrão claro e explícito entre as empresas, porém existem algumas similaridades e esse livro aborda muito isso.

Dentro do staff, existem os níveis de evolução técnica e o que é esperado em cada nível. Um outro material muito rico é do Sven Peter que fala, de forma resumida, o que se espera de cada nível e o seu respectivo impacto.

Conhecendo os níveis de Staff-Plus Engineer

De uma maneira geral, temos os seguintes níveis com base no artigo The Individual Contributor Guide For Developers:

Staff Engineer

  • É quem vai ajudar o time, além do código, com mentoria, design e decisões de arquitetura.

Principal Engineer 

  • Profissional que vai começar a trabalhar numa borda organizacional e com uma grande tendência a executar de modo cross-team;
  • Seu objetivo é impactar uma diretoria ou um produto através de estudos e decisões estratégicas;
  • Possui um alinhamento com a diretoria; 
  • Costuma ter uma qualificação que impacta a empresa e tem uma influência a nível organizacional neste sentido.

Distinguished Engineer 

  • Profissional de excelência, que tem como principal objetivo impactar toda a organização;
  • O seu alinhamento costuma ser com VPs (Vice President) da empresa;
  • Esse cargo também funciona como um reconhecimento pela excelência técnica e científica na área de TI;
  • No geral, é alguém que já impactou/impacta todo mundo com a criação de algum padrão, linguagem, framework, etc. 

Algumas referências ilustres de pessoas neste cargo são, por exemplo: 

Com essa posição, sempre existe o questionamento da frequência de programar. Sim, a pessoa engenheira precisa estar próxima do código e com as tendências, no entanto, o tempo de codificação tenderá a diminuir à medida que a carreira evolui.

Conclusão

A carreira técnica de uma pessoa engenheira vem mudando ao longo do tempo, principalmente, quando a tecnologia se tornou um recurso estratégico para as organizações.

Profissionais que possuem um exímio conhecimento técnico e podem aplicar de forma eficiente impactando positivamente toda a organização são cada vez mais necessários e, com isso, a habilidade de comunicação também é fundamental.

Assim nasce Staff-Plus Engineer, que foca em pessoas capazes de realizar um bom balanço tanto do soft quanto do hard skills. Neste primeiro artigo, falamos um pouco sobre a motivação e a necessidade de profissionais nessa posição. Na segunda parte, focaremos nas perguntas mais frequentes sobre o assunto.

Continue acompanhando a nossa central de conteúdos, em breve, teremos a sequência deste artigo. Enquanto isso, navegue pelos conteúdos publicados na categoria carreira e liderança!

*Colaborou com o texto Caroline Mazzutti

Mãos de um homem branco colocando um boneco no último degrau, representando o "pós sênior"
Foto Otávio Santana
Distinguished Software Engineer
Capacitando devs em todo o mundo para fornecer melhores softwares na nuvem.

Artigos relacionados

Este site utiliza cookies para proporcionar uma experiência de navegação melhor. Consulte nossa Política de Privacidade.